Economia

AÇÕES DO CARREFOUR CAEM 4,12%

Após uma sexta-feira em que fecharam em leve alta, as ações do Carrefour Brasil (CRFB3) registram queda nesta segunda-feira (23), em baixa superior a 4%, em um dia de alta para o Ibovespa. Às 10h18 (horário de Brasília), os papéis CRFB3 caíam 4,12%, a R$ 19,56, enquanto o benchmark da bolsa subia 0,79%, a 106.883 pontos no mesmo horário.

O movimento ocorre após uma série de protestos durante o fim de semana após o soldador João Alberto Silveira Freitas, negro de 40 anos, ser espancado e morto por seguranças terceirizados em uma das lojas do supermercado Carrefour em Porto Alegre (RS) na última quinta-feira (19). Ele foi enterrado neste sábado.

Um grupo de manifestantes atacou e incendiou uma loja em São Paulo após a 17ª Marcha da Consciência Negra, que pediu justiça pela morte.

Segundo a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, o espancamento teria ocorrido após João Alberto ter se desentendido com uma funcionária do Carrefour. Dois suspeitos pelo assassinato foram presos em flagrante, sendo um deles é policial militar. A primeira necropsia indicam que João Alberto morreu por asfixia.

O Carrefour Brasil informou no sábado que as vendas do dia 20 de novembro das lojas Carrefour Hipermercados serão doadas para entidades ligadas à luta pela consciência negra. Em nota à imprensa, a varejista afirmou que o Dia da Consciência Negra, celebrado na véspera em várias cidades do Brasil, deveria ser marcado pela conscientização da inclusão de negros e negras na sociedade, mas “foi o mais triste da história do Carrefour”.

Em um comunicado no horário nobre da TV, o presidente do Grupo Carrefour no Brasil, Noel Prioux, afirmou: “O que aconteceu na loja do Carrefour foi uma tragédia de dimensões incalculáveis, cuja extensão está além da minha compreensão como homem branco e privilegiado que sou.

Então, antes de tudo, meus sentimentos à família de João Alberto e meu pedido de desculpas aos nossos clientes, à sociedade e aos nossos colaboradores”. Na sexta, ele havia afirmado no Twitter que haveria uma “revisão completa no treinamento” oferecido pela rede.

No mesmo anúncio, João Senise, vice-presidente de recursos humanos do Carrefour Brasil, afirmou: “O que aconteceu em nossas lojas não representa quem somos e nem os nossos valores. Cinquenta e sete por cento dos nossos colaboradores são negros e negras, e mais de um terço dos gestores se autodeclaram pretos ou pardos. Mas estamos conscientes que precisamos de mais ações concretas e efetivas para o fortalecimento da nossa cultura de diversidade”.

Na sexta-feira, o MPF (Ministério Público Federal) defendeu, por meio de nota, que o Carrefour adote medidas de compliance em toda a rede para combate ao racismo, e que a família de João Alberto Freitas seja indenizada. Veja mais clicando aqui.

Desempenho das ações

Na última sexta-feira, apesar dos protestos e da repercussão do caso, enquanto o Ibovespa caiu 0,59%, as ações do Carrefour fecharam em alta de 0,49% na B3, levando a questionamentos sobre se os investidores estão realmente preocupados com a maneira como as empresas agem, ou se apenas os resultados importam.

De acordo com uma analista ouvida pelo InfoMoney, analistas e investidores vão monitorar a maneira como o Carrefour atuará a partir de agora e como conduzirá o caso – e também a reação da sociedade.

“Se houver uma reação mais organizada da sociedade, levando a um boicote da marca, o efeito nas operações e, consequentemente, nas ações, deve ser maior”, avaliou. Veja mais clicando aqui.

Mesmo que a Justiça não responsabilize o Carrefour (por envolver funcionários terceirizados), a visão é de que a rede precisa mostrar que seus prestadores de serviço não estão autorizados a agir em contrariedade a seus princípios. “Este é o segundo caso envolvendo segurança de lojas. A companhia, dado o porte, deveria fazer um trabalho melhor de treinamento”, diz Daniela Bretthauer, analista do setor na casa de análises Eleven Financial.

Não é a primeira vez que o Carrefour se envolve em episódios trágicos. Em agosto deste ano, um homem morreu enquanto trabalhava em uma loja do mercado em Recife (PE), tendo o seu corpo escondido por guarda-sóis para que o Carrefour não fechasse.

Depois do ocorrido, em nota, a rede de supermercados se desculpou e afirmou ter “mudado as orientações aos colaboradores para situações raras como essa — incluindo a obrigatoriedade do fechamento da loja”.

Em 2018, um cachorro foi morto por um segurança da empresa de uma unidade de Osasco, no interior de São Paulo. Em março de 2019, a rede de supermercados teve que pagar R$ 1 milhão como indenização pelo caso, conforme estabelecido pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Fonte: Agência Estado

Agência Difusão

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