ARTHUR SCHOPENHAUER
Arthur Schopenhauer criticou as explicações racionalistas sobre o fundamento da realidade e elaborou uma reflexão centralizada em um conceito metafísico que nomeou como “vontade”. Embasa muitos aspectos de sua teoria em Immanuel Kant, criticando-o, contudo, pela sua proposta de fundamentação moral. Opôs-se fervorosamente a Georg Wilhelm Hegel, estendendo sua crítica a Friedrich Wilhelm Schelling e a Johann Gottlieb Fichte.
Friedrich Nietzsche certamente é um dos filósofos mais influenciados pela sua teoria, que foi influente também e em especial no mundo das artes. Encontramos vestígios de sua perspectiva sobre o sofrimento na literatura, nas obras de Thomas Mann, Leon Tolstoi e Machado de Assis, para mencionar apenas alguns. Também é conhecida sua influência sobre Richard Wagner, evidente em sua ópera intitulada Tristão e Isolda.
Filho de Heinrich Floris Schopenhauer, um comerciante abastado, e de Johanna Henriette, Arthur Schopenhauer nasceu em Danzig (atual Gdańsk, na Polônia) em fevereiro de 1788. A divisão do país, em 1793, faz com que a família se mudasse para Hamburgo (Alemanha). Heinrich decide iniciar a educação do filho e envia-o para a França, onde é bem acolhido na casa dos Gregórios.
Aprende a língua desse país em poucos meses e começa a demonstrar sua aptidão pelo estudo. Em 1799, foi enviado ao prestigioso Instituto Runge, destinado a futuros comerciantes, onde permaneceu por quatro anos. Após uma insistência do jovem para frequentar o ginásio e poder, assim, estudar na universidade, Heinrich Schopenhauer propôs a ele uma escolha: fazer uma longa viagem com a família, com a promessa de assumir a profissão de comerciante depois, ou ficar e seguir sua ambição acadêmica.
A família passa, assim, dois anos visitando muitos países e retorna em meados de 1804. Essa viagem, entretanto, apenas aguça a reflexão de Arthur Schopenhauer, que repara nos aspectos naturalmente belos dos lugares em suas condições sociais.
Após a morte do pai, em abril de 1805, sua mãe decide mudar-se para a cidade de Weimar, com sua irmã mais nova, Luise Adelaide, onde estabelece contato com vários intelectuais alemães, incluindo o grande poeta Johann Wolfgang von Goethe. Arthur Schopenhauer, por outro lado, mantém a promessa feita ao pai por mais dois anos, até que sua mãe, em uma resposta a uma de suas cartas, estimula-o a buscar a felicidade e aconselha-o a tomar uma decisão quanto ao seu futuro.
Decide, então, retomar os estudos, vindo a aprender espanhol e italiano no mesmo período, e depois ingressa na Universidade de Gotinga, em 1809. Inicialmente escolhe o curso de Medicina, mas logo depois muda para o de Filosofia. Seus registros indicam que estudou muitas disciplinas com assuntos variados, como: psicologia, poesia, zoologia e história. É apresentado ao pensamento de Platão e de Immanuel Kant, além de ler muitos clássicos.
Desejoso de estudar com Johann Gottlieb Fichte, continua sua formação na Universidade de Berlin. É em 1813 que adquire o título de doutor e muda-se para Dresden, no ano seguinte, onde começa a escrever sua grande obra O mundo como vontade e representação (1818), reeditada duas vezes (1844 e 1859).
A obra não teve boa recepção e muitas críticas foram feitas às suas propostas. Parte da primeira edição foi, inclusive, aproveitada como papel de embrulho, e a segunda edição também não encontrou muitos leitores.