CIENTISTAS CUBANOS E 4 POSSÍVEIS VACINAS DA COVID-19
Experiência no desenvolvimento e produção de vacinas
O Instituto Finlay é um centro governamental de ciência sediado em Havana, dedicado à pesquisa e fabricação de vacinas. Lá, no Centro de Imunologia Molecular e no Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), cientistas cubanos trabalham atualmente em quatro possíveis vacinas, uma das quais já está bem avançada nos testes, segundo a imprensa estatal.
“À luz da pandemia de coronavírus, temos duas prioridades: a capacidade de realizar testes rápidos e em massa, que possibilitem o monitoramento epidemiológico e o desenvolvimento de vacinas específicas que ajudarão a combater a doença em nosso país”, anunciou, sem dar detalhes, Rolando Pérez, diretor de Ciência e Inovação da BioCubaFarma, num programa especial na TV cubana.
A pesquisa cubana se concentra nas “vacinas baseadas em partículas semelhantes a vírus, que apresentam vantagens em termos de capacidade de fortalecer e ativar o sistema imunológico” e são um ponto forte da pesquisa de vacinação cubana, disse Gerardo Guillén, diretor de pesquisa biomédica do CIGB, em entrevista coletiva concedida em junho.
Estas incluem as que são administradas por via nasal, como, por exemplo, a vacina terapêutica contra a hepatite B crônica desenvolvida em Cuba, a primeira no mundo a ser administrada por via nasal contra uma doença infecciosa crônica. “E agora, já que estamos lidando com uma doença respiratória, acreditamos que ter uma plataforma de imunização através da mucosa terá logicamente um impacto maior na obtenção de uma resposta funcional e eficaz contra este vírus.” Segundo Guillén, existem projetos de pesquisa em parceria com a União Europeia e a China.
Ao contrário de muitos outros países em desenvolvimento, Cuba possui uma poderosa divisão de biotecnologia e seus próprios laboratórios. A experiência da biotecnologia cubana no desenvolvimento de vacinas é útil na luta contra o vírus Sars-Cov-2. E isso torna o país interessante para projetos comunitários. “Cuba produz quase 80% das vacinas do Programa Nacional de Imunizações. Tal é a capacidade do país de fabricar vacinas. Tem o Instituto Finlay e tem uma grande área de inovação tecnológica”, diz o diretor cubano da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o chileno José Moya.
“Temos que ser realistas”
Segundo relatos, Cuba é um dos países que poderiam produzir a vacina Sputnik V em parceria com cientistas russos. O anúncio da vacina russa causou sensação, sendo recebido com muito ceticismo e críticas, já que, para a aprovação, a fase 3 dos testes clínicos foi simplesmente ignorada. Não se espera, porém, que Cuba pule as etapas de aprovação, pois Havana costuma seguir estritamente as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Cuba tem uma excelente capacidade para fabricação de vacinas. Estamos discutindo o início da produção com várias empresas cubanas. Acreditamos que Cuba possa se tornar um dos centros mais importantes para a produção de vacinas”, declarou, em videoconferência, Kirill Dmitriev, diretor do fundo estatal russo Direct Investment Fund (RDIF), que financiou o projeto de vacinação da Rússia. Segundo ele, a produção da vacina russa em Cuba pode começar em novembro “se trabalharmos bem com o governo e as empresas cubanas”. Os detalhes, no entanto, ainda não foram divulgados.
Apesar do anúncio de uma vacina russa e de todos os avanços na pesquisa, não haverá uma vacina produzida em massa e em funcionamento tão cedo, adverte Durán. “Nós temos que ser realistas”: atualmente, a única proteção eficaz contra a infecção é “usar máscara e cumprir as regras de higiene e distanciamento”.
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