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Cine Teatro Denoy de Oliveira – Cinema Italiano

Cine Teatro Denoy de Oliveira – Cinema Italiano

CPC UMES e CineDenoy de Oliveira apresenta: A árvore dos tamancos.

Sinopse

Na região de Bérgamo, no norte da Itália, assistimos à vida de algumas famílias rurais da região, que vivem na mesma cascina (em italiano, “casa de fazenda”, espécie de pequeno aldeamento comunitário em algumas regiões rurais italianas).

A existência é precária e nada lá pertence a eles: a casa, a terra e os animais pertencem aos patrões, bem como dois terços da colheita. Existe um profundo vínculo espiritual e cultural entre os membros desta comunidade que os leva a conviver com coisas belas e trágicas, acontecimentos corriqueiros e acontecimentos extraordinários.

Um dos filmes mais populares da Itália, A Árvore dos Tamancos conquistou 18 prêmios, entre eles: a Palma de Ouro do Festival de Cannes, o César de Melhor Filme Estrangeiro, o David di Donatello de Melhor Filme e a Fita de Prata do Nastro D’Argento em seis diferentes categorias.

A trilha musical são composições de Johann Sebastian Bach para órgão, executadas por Fernando Germani, além de canções folclóricas e camponesas. Filme de 1978, 186 min.

Sobre o filme

Não há atores profissionais no filme. Todos os protagonistas da história são camponeses e moradores da região. Ermanno Olmi nasceu e cresceu em uma casa de fazenda como a do filme e seu desejo era de apresentar histórias – as de sua avó e as de outros camponeses – de forma fiel e na qual esses trabalhadores pudessem se reconhecer como protagonistas.

Foi o primeiro roteiro que Olmi escreveu para o cinema e foi baseado em relatos que ele escutou ou episódios que ele presenciou durante sua infância.

O filme inteiro é falado em dialeto bergamasco e após as filmagens, foi dublado para a língua italiana oficial pelos próprios camponeses que interpretaram os personagens.

O diretor mostra um universo privado de consciência de classe e intensamente religioso. Diferente do que acontecia na cidade [explicamos abaixo um pouco mais sobre as revoltas de Milão], os protagonistas não lutam explícitamente por justiça social. A conquista da Palma de Ouro em Cannes, por unanimidade do júri, criou desconforto e questionamentos por parte do setor cultural.

Separamos aqui um trecho no qual Alberto Moravia, um dos maiores escritores italianos, discorre sobre o assunto: “Por que Olmi fez de um animal (o cavalo) o único personagem racional, isto é, rebelde do filme? Pela boa e inconsciente razão de que, em uma situação bloqueada pelo catolicismo da Contra-Reforma, como em A Árvore dos Tamancos, só os animais podem ser tão racionais a ponto de se revoltar”.

Ermanno Olmi também fala sobre o assunto: “O patrão, então, era patrão em sentido absoluto. Minha avó me contou sobre o episódio do roubo da árvore [que deu o nome ao filme], aconteceu exatamente na casa da fazenda onde ela era criança, em Treviglio.

Eram todas histórias que eu tinha ouvido da minha avó, mas também das pessoas que participaram do filò [trabalho de grupo realizado à noite], histórias em que cada um tinha que encontrar a sua moral e depois desenvolver a sua cultura.”

As revoltas de Milão

Os recém-casados Stefano e Maddalena viajam para Milão e encontram uma cidade em grande agitação e forte repressão policial. A cena se dá sem explicações e não parece haver curiosidade, por parte do casal, sobre a situação.

As revoltas exibidas aconteceram em maio de 1898 e começaram como manifestações de trabalhadores, que saíram às ruas para protestar contra as condições de trabalho e contra o aumento no preço do pão, assim como em outras cidades italianas.

O governo declarou estado de sítio e escolheu o General Fiorenzo Bava Beccaris para restaurar a ordem. O general agiu com violência e armas de fogo contra os manifestantes, resultando na morte de 83 pessoas, episódio que entrou para a história como o Massacre de Bava Beccaris.

Por esse massacre, o general Beccaris foi agraciado com o título de Grande Oficial da Ordem Militar de Sabóia pelo Rei Umberto I. Posteriormente, em 29 de julho de 1900, o rei Umberto I foi assassinado pelo anarquista Gaetano Bresci, como uma vingança pelos mortos do massacre.

A Árvore dos Tamancos e o Coronavírus

Em 10 de abril, o filme foi exibido no canal Rai 3, como uma forma de mostrar solidariedade aos habitantes da região, arrasada pela pandemia do coronavírus. A Lombardia, onde fica a província de Bérgamo, foi a mais afetada na Itália. Em abril, representava mais da metade dos óbitos no país.

Dificilmente alguém não viu as impressionantes imagens de caminhões do Exército em fila cruzando parte da Itália com caixões a caminho de crematórios que ainda não estivessem lotados. A população ali resistiu em silêncio, muito mais do que em qualquer outra região da Itália.

O filme foi exibido na versão em dialeto, não tão conhecido fora de Bérgamo e, ainda assim, obteve mais de 1 milhão de espectadores, considerado um número alto para uma Sexta-Feira Santa.

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