Cinema em casa
As diferenças de comportamento estão bastante visíveis neste período pandêmico. Alguns cumprem a risca as recomendações de não sair de casa, outros, não podem cumprir porque trabalham; ainda há aqueles que não aguentam o isolamento e, por fim, aqueles que não concordam com ele.
Algumas pessoas parecem normalizar os que precisam trabalhar e condenar os que se divertem. As praias, os parques e os bares cheios escandalizam mais que as aglomerações do trabalho. O risco, no entanto, pode ser o mesmo. O fato é que a falta de uma política séria tanto para o debate quanto para o combate a pandemia tornou o Brasil um país mais confuso.
Se aquela mesa de bar, o churrasco da casa de amigos ou se todas as comemorações são postergadas até sabe-se lá quando para uns, para outros os encontros continuam quase que do mesmo jeito, senão igualzinho mesmo, ao antigo normal. Vale então pensar o quanto isso deve mexer com aqueles que estão de acordo com o fato de que o isolamento é ainda a única maneira de diminuir o contágio.Tenho um amigo que cada vez que percebe alguém na rua sem máscara fica extremamente irritado. É uma prova de resistência sem data para acabar.
Os cinemas do país começam a operação abertura. Quem irá? Que filmes serão exibidos? Aqueles mesmos filmes enlatados? O novo normal no cinema bem que podia reformular suas estratégias e exibir os excelentes conteúdos nacionais inéditos. Até quando vão insistir em excluir o cinema brasileiro?
O consumo exagerado de cultura estrangeira gera um eterno conflito. Há um descompasso que muitas vezes não compreendemos. A privação do conhecimento das dimensões culturais brasileiras nos distanciam como sociedade que por um lado é diversa mas por outro há pontos em comum como toda sociedade. Pontos que precisam ser enfrentados com urgência. A sensação de estarmos desconectados do país onde nascemos é antiga, constante e tende a piorar em situações delicadas como a que vivemos hoje. A cultura pode nos ajudar a refletir sobre certas questões.
Como encontrar uma maneira de superar as adversidades amplificadas durante a pandemia, a distopia, a tristeza, a saudade? Como diz o trecho da música de autoria de Paulo Vanzolini, inusitadamente presente no filme “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, de Glauber Rocha: “Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima”. Um bom começo para se levantar pode ser a busca pelo reconhecimento da realidade que temos para enfrentar.
Para os que vão ficar em casa, entre 22 de outubro a 04 de novembro acontece, na versão on-line, a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Esta edição homenageia o cineasta Fernando Coni Campos apresentando três obras: Viagem ao Fim do Mundo (1968), Ladrões de Cinema (1977) e O Mágico e o Delegado (1983). Com um
panorama bem amplo, muitos filmes são aguardados com entusiasmo.
Para acompanhar a programação acesse o site da Mostra: 44.mostra.org.
Texto: Renata Saraceni (Cineasta e Produtora)
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