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Cinema em casa – “A Noiva” (1963), Ermanno Olmi

A história de dois noivos milaneses cujo relacionamento é posto à prova quando o homem aceita um novo emprego na Sicília. Com a separação, vem a solidão, a nostalgia e, talvez, algumas novas perspectivas que podem rejuvenescer seu amor.

O profundo humanismo de Olmi carrega essa comovente representação de homens e mulheres comuns e as armadilhas do coração humano. Com Anna Canzi e Carlo Cabrini. Filme de 1963, 77 min.

“Eu acho que a distância nos ajudou a entender muitas coisas. Nós nunca realmente falamos do modo que dois amantes deviam. Talvez nós não percebemos que estávamos separados. Nós somos muito mais íntimos agora.”

Antes de “A Noiva” (1963), Ermanno Olmi já tinha dirigido dois outros longas, “O Tempo Parou” (1959) e “O Posto” (1961), ambos já exibidos por nossa Mostra. Em “A Noiva”, assim como nos outros dois, Olmi aborda a questão do trabalho em uma Itália em processo de industrialização, mantendo o foco no cotidiano de pessoas simples.

O trabalho criticado pelo cineasta é o que desumaniza o homem, lhe tira a sua voz, influencia em suas vontades individuais e nega suas necessidades coletivas . Seus personagens não têm uma consciência social e, por isso, Ermanno Olmi já foi muito criticado – antes de ser reconhecido como um dos grandes cineastas de todos os tempos.

Entre cenas do passado e presente, podemos ver a tensão entre o casal Giovanni e Liliana após o anúncio de que o rapaz foi transferido para o sul da Itália – o que, afinal, significaria uma chance de crescer profissionalmente. Lembranças do passado surgem durante todo o filme, como se ambos avaliassem o relacionamento e tentassem entender o significado da ausência e da solidão.

Há cenas nas quais os protagonistas mal se comunicam (ou pelo menos não se expressam através da fala). Quando Giovanni e Liliana encontram sua voz, o silêncio finalmente é quebrado. Ainda assim, isso acontece por meio de cartas pois até mesmo um telefonema não planejado (em um domingo, quando a ligação é metade do preço, como informa Giovanni) causa estranhamento entre o casal de noivos.

Obra singela e humanista de Ermanno Olmi, “A Noiva” foi indicado para a Palma de Ouro mas nenhum filme poderia disputar com “O Leopardo” de Luchino Visconti, que ganhou o prêmio naquele ano.

Agência Difusão

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