O romance da escritora Tatiana Salem Levy recebeu o Prêmio Portugal Telecom. O livro, assumidamente autobiográfico, é uma procura pela sua ancestralidade:
Escrevo sem poder escrever e: por isso escrevo. De resto, não saberia o que fazer com este corpo que, desde a sua chegada ao mundo, não consegue sair do lugar. Porque eu já nasci velha, numa cadeira de rodas, com as pernas enguiçadas, os braços ressequidos. Nasci com cheiro de terra úmida, o bafo de tempos antigos sobre o meu dorso.
Existe uma tradição dos judeus sefarditas guardarem a chave da casa que precisaram abandonar, esse é o pontapé inicial da narrativa de Tatiana. A sua protagonista recebe uma chave de casa do avô, que mudou-se para o Brasil e deixou para trás um lar situado em Esmirna, na Turquia.
A missão transmitida para a neta é que a jovem reencontre não só a casa, como também os parentes que ficaram para trás e tente reconstruir parte da história da família.
O romance A chave de casa é, ao mesmo tempo, uma procura exterior – pela casa, pela família, pelas raízes – e interior – uma tentativa de ordenar o caos interno da protagonista.
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