O livro do historiador Leandro Karnal gira em torno de uma das maiores questões contemporâneas: a solidão.
A obra não enfoca apenas na solidão literal – no estar sozinho propriamente dito – mas também na sensação de solidão que persiste mesmo quando estamos acompanhados.
Em O dilema do porco espinho vemos um apanhado de ensinamentos recolhidos de diversos filósofos e pensadores – retirados inclusive da própria Bíblia – e nos perguntamos: por que nos sentimos sozinhos? A solidão é necessariamente má? Como podemos processa-la de modo saudável?
A explicação do título do livro pode ser encontrada já nas primeiras páginas e é um mote que guiará toda a narrativa:
Somos uma espécie de porco-espinho, pensava o filósofo Arthur Schopenhauer. Por quê? O frio do inverno (ou da solidão) nos castiga. Para buscar o calor do corpo alheio, ficamos próximos dos outros. Efeito inevitável do movimento: os espinhos nos perfuram e causam dor (e os nossos a eles). O incômodo nos afasta. Ficamos isolados novamente. O frio aumenta, e tentamos voltar ao convívio com o mesmo resultado.
A metáfora do filósofo alemão trata do dilema do humano: solitários, somos livres, porém passamos frio. A dois ou em grupo as diferenças causam dores.
Indicamos a leitura da obra de Karnal para começarmos o ano cientes das nossas questões interiores e interessados em explorarmos mais sobre a nossa condição de seres humanos solitários.
Texto: Rebeca Fuks
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