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O LIVRO DE LILITH

O livro de Lilith

O LIVRO DE LILITH

O Livro de Lilith – O Resgate do lado Sombrio do Feminino Universal, de Barbara Black Koltuv, Editora Cultrix, traz um modelo de transgressão feminina relegado à sombra por anos e pensado pelo viés machista e judaico-cristão.

As origens de Lilith ficaram obscurecidas na história e no entendimento popular, compreender sua história é também dar passos para compreender a sociedade.

Este livro, uma antologia psicológica, é uma tentativa de contar sua história, de evocar sua presença na consciência e de investigar seu significado na psique moderna.

Há várias histórias em que o ônus da culpa é impelido a mulher, a exemplo de Eva, responsável pelo pecado original, no caso de Lilith, responsável pelo sofrimento do homem ‘enquanto sexo oposto’. A questão é: quem nos conta essas ‘verdades’ e como essa ‘verdade’ pode marginalizar e matar a mulher?

As mulheres também vivenciam sua sexualidade Lilith como vivificante, estimulante e natural. Esse é o tipo de sexualidade que elas sentem alguns dias antes da menstruarão, quando os hormônios femininos cessaram seu fluxo e os hormônios masculinos encontram-se no auge de sua intensidade. É um estado de ser pulsante, vibrante, primitivo e indescritível.

Lilith é a força da lua em equilíbrio com o sol, representação de Deus. É um ser que traz toda potência sexual seguindo o ciclo das quatro fases da lua. Em cada fase, ela tem uma etapa da sexualidade a ser vivenciada e explorada.

Entretanto, o machismo judaico-cristão serve como ferramenta, ou arma, para um Deus uno, um Deus que se mantém sozinho no trono. Isso, por sua vez, causa o exílio da Deusa para sombra colocando todo o arquétipo animas da humanidade também na marginalidade.

As forças da sexualidade, do nascimento, da vida e da morte, do mágico ciclo da vida eram, originalmente, governadas pela Deusa. Com o advento do patriarcado, o poder de vida e morte tornou-se uma prerrogativa do Deus masculino, enquanto a sexualidade e a mágica foram separadas da procriação e da maternidade. Neste sentido, Deus é Uno, ao passo que a Deusa tornou-se duas.

A ausência de Lilith acomete a humanidade a doenças relacionais, causando conflitos e repressão com a sexualidade, dificultando a criatividade e liberdade de expressão. Gerando, dessa forma, um desejo de destruição das pessoas livres que ainda mantêm sua Lilith viva, atuante e poderosa.

A princípio, Adão se relacionava sexualmente com Lilith e com os animais e tinha uma sexualidade natural e instintiva, mas essa inconsciente urobórica era uma afronta a Deus, que fez com que Adão sacrificasse seus instintos e perdesse o contato com a anima Lilith e seus modos lunares.

O homem, que é a imagem e semelhança de Deus, é sacrificado pelo próprio Deus (ego) afastando-o da divindade (numinoso). Rompendo com os instintos e se desvinculando da Natureza.

Abandonando sua Lilith, o homem, numa tentativa desesperada de se manter no divino e tendo seus instintos tolhidos, se põe diante da natureza como ser superior, visto que a natureza força a volta aos seus instintos.

Toda a mitologia a respeito de Lilith é repleta de imagens de humilhação, diminuição, fuga e desolação, sucedidas por uma profunda raiva e vingança, na pele de uma mulher sedutora e assassina de crianças.

Essa mitologia deturpada e humilhante, sempre alimentada por homens, é desconstruída por Barbara Black que traz a importância de a mulher moderna voltar a se relacionar com a Lilith, nos lembrando que não somos escravas.

As qualidades da Deusa Lilith é a consciência lunar (jovem, mulher e a velha); o domínio do próprio corpo e sexualidade; o conhecimento profético interior e a integração com o todo. Imagine quando sua Lilith e sua Eva unirem-se em casamento… “Desse modo, é impossível conhecer a mulher ou ser uma mulher sem o encontro de Lilith com Eva.”

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