Pedro Abe Miyahira*
Neste ano de 2020, por causa da pandemia, o turismo foi e está sendo um dos
setores da economia global mais atingido, com fortes impactos deficitários em todos
os seus segmentos: meios de hospedagem, agências de turismo, transportadoras
turísticas, organizações de eventos, parques temáticos, setor de alimentos e bebidas
entre outros serviços direitos e indiretos. A influência do turismo no mundo é
significativa, pois representa em torno de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.
Neste período, o mercado turístico está se remodelando e desenvolvendo
projetos para os destinos domésticos e internacionais, com implementação de novos
modos de viajar e de mudança de comportamento por causa dos riscos à saúde que
uma pandemia pode trazer. Assim, do mesmo modo que o turismo se revela dinâmico
e visível ao consumidor, na mesma proporção, ele é mais sensível diante da ausência
de demanda.
Em meio a debates pelas mais diversas plataformas digitais, a visão dos
profissionais do turismo e dos consumidores é otimista em relação ao modo de viajar,
ao comportamento dos viajantes e dos anfitriões. Os destinos mais procurados tendem
a retomar com mais rapidez suas atividades, mas outras novidades aparecerão com
essa mudança de cenário e do comportamento do consumidor. É certo dizer que o
volume de turistas pode diminuir, reduzindo-se o overturismo, ou o excesso de
turistas, o turismo de massa, o que passa a ser uma tendência também para o
desenvolvimento de outros destinos, sem que os destinos mais desejados percam sua
atratividade.
Ao contrário. Com a atividade turística repensada em outros formatos, com
números reduzidos de visitantes, a experiência do viajante pode ser menos impactante
à medida que o seu tempo de fruição pode ser mais proveitoso, apresentando-se
novas tendências para o turismo a partir do ano de 2021 e, a depender do controle da
pandemia do coronavírus, uma relação harmoniosa entre a humanização e a
hiperconectividade.
No Brasil, a tendência de aumento do turismo doméstico é certa. O turismo
interno tem uma oferta grande, entre atrativos, produtos turísticos e serviços, que
atende às mais variadas demandas. A isso também se somam a restrição de entrada
de brasileiros em alguns países, a redução do orçamento destinado ao turismo
internacional e a variação cambial do dólar.
Aqui há destinos espetaculares e muitos deles ainda são desconhecidos dos
nossos viajantes. Com essa nova situação e visão de negócios, muitos
empreendedores e o poder público já estão se adaptando e implementando metas que
antes não tinham a devida atenção no mercado turístico interno. A regionalização do
turismo é uma das tendências que se avista a prosperar, desenvolvendo a cadeia
produtiva, com geração de emprego, renda e profissionalização.
Com a retomada da economia também abrem-se outras tendências,
possibilidades e oportunidades no turismo interno, visando o bem-estar, a
contemplação e o turismo em meio à natureza, com novos destinos no Brasil, seja
pelo interior, seja no litoral. Ainda no tema da regionalização, a retomada também se
fortalecerá pela visitação de familiares que se distanciaram por causa do isolamento
social.
O panorama do mercado é positivo e otimista. Os profissionais do setor,
aliados às pesquisas e estudos acadêmicos e mercadológicos desenvolvidos ao longo
destes meses, apontam para uma retomada gradual do setor do turismo, em especial
ao turismo doméstico e todas as suas segmentações, em que os visitantes poderão
conhecer mais do nosso país, da nossa cultura regional e do nosso povo.
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* Pedro Abe Miyahira é diretor de projetos e pesquisa da ONG Recriatur – Rede de
Empreendedorismo, Criatividade e Inovação em Turismo; advogado (PUC-SP);
membro da IFTUR Jr. – empresa júnior do curso superior de Tecnologia em Gestão de
Turismo do Instituto Federal de São Paulo (IFSP-SPO).
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