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Turismo de Base Comunitária, sempre uma nova experiência.

TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA, SEMPRE UMA NOVA EXPERIÊNCIA

Pedro Abe Miyahira*

Em nosso artigo anterior no portal da Agência Difusão, abordamos as tendências do turismo doméstico em uma breve análise positiva na pós-pandemia. Dentro do turismo doméstico, o turismo de base comunitária (TBC) se apresenta como uma das alternativas que podem trazer novidades para o visitante.

Mas em que consiste o Turismo de Base Comunitária?

É bem possível que haja termos correlatos para uma fácil associação ao conceito de TBC: turismo social, turismo solidário, ecoturismo, turismo cultural, turismo rural, turismo sustentável, turismo de conservação, turismo étnico, turismo de experiência social, turismo pedagógico, entre outros. O TBC pode ser uma reunião de
alguns tipos de turismo citados acima ou um deles desenvolvido com mais profundidade.

Como assim?

O blog Janelas Abertas explica em seu página na internet que “turismo de base comunitária não é um segmento, e sim um modo de fazer turismo”(janelasabertas.com).

A ONG Projeto Bagagem conceitua o TBC como sendo “a atividade turística que apresenta gestão coletiva, transparência no uso e destinação dos recursos e na qual a principal atração turística é o modo de vida da população local. Nesse tipo de turismo a comunidade é proprietária dos empreendimentos turísticos e há a
preocupação em minimizar o impacto ambiental e fortalecer ações de conservação da natureza”. (projetobagagem.org)

Com o conceito na cabeça, podemos já imaginar como fomentar e incrementar o TBC e dele participar. A experiência do TBC tem seu caráter participativo e mais profundo, com número reduzido de visitantes, envolvendo os protagonistas (os seus anfitriões) nas atividades a serem desenvolvidas com o visitante ao longo do período de estada, por exemplo, imersão com a cultura e história da comunidade visitada, atividades econômicas, artesanato, passeios guiados, participação em oficinas, culinária regional e acomodação nas casas da comunidade, valorizando a cultura local e a preservação do meio em que habitam.

Pela peculiaridade, personalização e natureza do TBC, os roteiros podem variar a partir de valores populares ou
investimento mais alto, dependendo do acesso, localização e meios de transporte.

As comunidades que praticam o TBC em geral são: caiçaras (ex.: Comunidade Marujá, na Ilha do Cardoso, em Cananeia/SP), indígenas (ex.: Terra Indígena Tenondé Porã, em São Paulo/SP), quilombolas (ex.: Quilombo da Fazenda, em Ubatuba/SP; Comunidade Quilombola do Prata, em São Félix, no Jalapão/TO), produção agroecológica (ex.: Rota Sabores dos Canyons, em Praia Grande/SC), entre outros.

E o TBC é uma forma de turismo que está disseminado pelo mundo. Há outros exemplos de sucesso no sudeste asiático, Índia, e, até mesmo na Europa. Em recente artigo publicado em 04 de agosto de 2020, pelo Centro para a Promoção de
Importações de Países em Desenvolvimento, agência do Ministério de Relações Exteriores da Holanda, noticia que: “Para os viajantes europeus, o Sudeste Asiático é o principal destino do turismo de base comunitária. Isso tem a ver principalmente com questões de segurança. Em geral, a Ásia é considerada muito mais segura do que a América do Sul e a África.

No entanto, isso também significa que a concorrência neste mercado é muito mais forte. (…) O Reino Unido, a Holanda e a Alemanha têm a maior demanda por turismo de base comunitária. Muitos viajantes desses países consideram importante sair do caminho tradicional e aprender sobre novas culturas. Nesses países, a competição também é a mais forte.

França, Espanha e Itália seguem em demanda. Os mercados da Europa Oriental (como Polônia e República Tcheca) podem ser mais fáceis de acessar, porque seus mercados de TBC são muito menos maduros”. (https://www.cbi.eu/market-information/tourism/community-basedtourism/market-potential)

Sobre a retomada do turismo, Vinícius Antonio Silva, diretor de marketing da ONG RECRIATUR, analisa: “O TBC contribui na retomada do turismo visto que a tendência dos turistas nos próximos meses é evitar cidades populosas e buscar algo mais tranquilo e “isolado”, ou seja, um contato maior com a natureza e a população
local.

Isso vai favorecer muito o TBC, pois uma de suas características envolve o contato maior com a natureza, população e costumes locais, experiências simples, porém enriquecedoras para quem o praticar. Assim, instituições como a Recriatur que oferecem cursos e roteiros de TBC podem crescer e contribuir ainda mais com o ‘novo turismo’ que irá acontecer a partir de agora. Além dessas instituições, novos destinos entram no mapa dos turistas, lugares que já praticavam o TBC, mas que não tinham tanta visitação, poderão ter uma demanda maior.

Assim, essas cidades terão ganhos financeiros e também culturais já que no TBC ocorre uma troca saudável entre culturas, onde uma complementa a outra. Em suma, o turismo de base comunitária tende a ter um crescimento maior e será muito praticado, pois suas características vão ao encontro do que os turistas procuram em um mundo pós-pandemia”.

Interessou-se pelo TBC? A ONG RECRIATUR está à disposição com cursos e roteiros de TBC. Entre em contato para marcar um bate-papo e conhecer mais sobre essa forma de turismo: projetos@recriatur.org.br.

* Pedro Abe Miyahira é diretor de projetos e pesquisa da ONG RECRIATUR – Rede de Empreendedorismo, Criatividade e Inovação em Turismo; advogado (PUC-SP); membro da IFTUR Jr. (empresa júnior do curso superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do Instituto Federal de São Paulo – IFSP-SPO).
Contato: pedromiyahira@yahoo.com.br.

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